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A primeira professora de português da colônia


Na foto - Madalena Queluz Patel
Siderópolis - Nova Belluno
Em conversa com dona Avandrilia Queluz Cifuentes (dona Ungria) ficamos sabendo da história sobre a primeira professora que a colônia de Nova Belluno teve após sua fundação em 1891. E um historia comovente contada pela Dona Ungria irmã de Madalena a primeira professora. Dona Madalena era filha de João Martins Queluz e Francelina do Nascimento. Tinha quinze irmãos e nasceu em Itajaí SC, onde residia com seus pais ate 1913. Em busca de melhores condições de vida, a família mudou-se para Florianópolis onde permaneceu ate 1918. Em todas as colônias italianas que se instalaram no estado o governo da época criou os chamados cursos provisórios, os quais dariam inicio a uma nova era cultural junto a um povo que acabara de mudar de Pátria. Como na Região não existia nenhuma pessoa habilitada para lecionar, os próprios moradores da colônia de Nova Belluno, mostrando interesse em educar seus filhos, procuraram o Prefeito de Urussanga, afim de que este intercedesse junto ao Governador para viabilizar a vinda de uma professora para esta localidade. Madalena estava fazendo curso particular em Florianópolis, quando abriram inscrições para um concurso para professores provisórios. Madalena fez o concurso e foi chamado, porem quando lá chegou, já havia todas as vagas mais próximas de Florianópolis, restando apenas Nova Belluno, uma das razoes porque o pai de Madalena não queria vir para este lugar. Outro motivo era as condições financeiras que não permitiam o deslocamento da família ate o Sul do Estado. Foi quando Madalena e Ungria pediram permissão aos pais e foram a luta em busca de apoio para a viagem. Tomando conhecimento de tais dificuldades o Prefeito de Urussanga se dirigiu ao Governador dizendo: Não adianta fundar uma colônia e não ter o apoio necessário a fim de proporcionar seu desenvolvimento. Atendendo ao apelo do prefeito as duas irmãs foram recebidas no palácio pelo Governador, oportunidade que receberam todo o apoio para o deslocamento da família ate Nova Belluno. Diante das dificuldades que a família vinha atravessando, o pai resolveu aceitar mais este desafio. Madalena cancelou o curso que estava fazendo e diante de uma nova perspectiva de vida, no dia 12 de junho de 1918, apanhamos o vapor e viemos ate Laguna. De Laguna ate Pedras Grandes a viagem foi de trem. Quando chegamos em Pedras Grandes, estavam a nossa espera, diversos carros de boi devidamente enlonados para nos proteger do mau tempo, os quais estavam sob a coordenação de um senhor que se apresentou dizendo que seria o responsável pelo nosso transporte. Parávamos no caminho, apenas para dormir e alimentar os animais. Quando chegamos no morro, onde hoje e a comunidade de Nossa Senhora da Saúde, o condutor do carro de boi, soltou um foguete, que imediatamente foi respondido pelo pessoal da comunidade que aguardavam ansiosamente a chegada da professora.
Finalmente chegando em Nova Belluno encontramos muitos cavalos, carros de boi e fomos recebidos com muitos fogos e ao som de gaitas, muito cantoria italiana, em fim uma grande festa.
Na oportunidade nos apresentaram uma comissão a qual era responsável pela solução dos problemas do lugar, só me recordo de Arcângelo Patel, Jose Frasseto e Antonio Pasquali que era o Presidente da Cooperativa dos colonos.
A grande dificuldade no inicio foi à diferença de língua, a gente não entendia, porem este problema foi superado em pouco tempo, pois estávamos preparados para enfrenta-lo.
A escola funcionava numa casa adaptada com bancos rústicos, escrevia-se em uma lousa (lamina de pedra usada para escrever ou desenhar) e utilizava-se lápis especial feito da mesma pedra, ao qual amarrava-se um pano úmido, para apagar, quando errava na escrita. Usava-se a lousa para economizar papel, que na época quase não existia e era muito caro. Naquela época somente a professora possuía livro.
Aos poucos fomos mudando os hábitos das crianças, como, por exemplo, costumavam sentar-se nas mesas e para se ter uma idéia, quando astiavamos a Bandeira do Brasil, os meninos começavam a jogar pedras. Mas com muito esforço os alunos foram ficando mais civilizados, inclusive aprenderam a cantar o Hino do Estado. Um fato pitoresco aconteceu em 1920, com a chegada do embaixador e o governador no primeiro automóvel que apareceu por aqui. As crianças estavam todas em fila para a recepção, quando as mães assustadas gritaram: “cori, cori, filoli. Varde la casina que la camina” (corram, corram, filhos. Vejam uma casinha que caminha). E fizeram as crianças correrem. Eu (Ungria) e Madalena ficamos arrasadas com aquela cena, porem com muito custo convencemos as mães e as crianças a voltar para seus devidos lugares, quando o governador e o embaixador, tiraram do interior do automóvel uma caixa contendo muitos doces e chocolates e deram a professora para distribuir aos alunos, isto sem duvida foi uma forma de conquista-la. O objetivo da vinda do governador e o embaixador ate a vila de Nova Belluno era o de proferir uma palestra aos agricultores e saber como andavam as coisas por aqui, o progresso da colônia, as dificuldades, etc. o pagamento do salário de Madalena era feito em Urussanga e eu me lembro que era muito mal remunerada. O professor era tipo soldado não ganhava praticamente nada. Mesmo assim Madalena lecionou durante 25 anos e depois se aposentou. Madalena casou-se com Redencio Patel, o qual foi seu aluno e era bem mais moço que ela obviamente. Tiveram dois filhos João Osni e Chirlei.
Depois disto tudo, mudaram-se para Maracaja e posteriormente para o Rio Grande do Sul, onde seu marido trabalhava como empreiteiro na construção de uma estrada de ferro. Após muitos anos retornaram não mais para Nova Belluno, mas para Sideropolis, onde faleceram em 06/10/1982 e 02/07/1988, respectivamente.
Entrevista concedida a Acaesc


Na foto abaixo, cedida pela Sr. Alda Feltin Patel, vamos ajudar a identificar pessoas que estão  na foto.