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SEM TÍTULO[1]


Não há na Itália
Cidade ou vila
Onde não, se ouve
Este adágio:
Se tu desejas
Viver beato
Deixa o país
De nascença.
Vai para o Brasil
Terra oportuna
Solo propício
Pra fazer fortuna.
Lá tu não vês
Senão ouro,
Em cada monte
Encontras um tesouro.
Atrás das atrações,
Fascinados,
Deixam a pátria
Os desesperados.
Partem de Genova
Desafiam os ventos,
Desafiam os oceanos
E os elementos.
E depois da longa
Viagem penosa,
Enfim, esperam
Encontrar repouso.
Mas, chegando ao Éden
Desejado,
O que encontra o mísero
O que vê o imigrado?
Vê o oposto
Da medalha
Que não via
Estando na Itália.
Gasta em breve
Tudo aquilo
Que trazia consigo
Durante a viagem.
E, portanto, descalço
Sem rumo certo,
Caminha trôpego
Pelo deserto.
Não encontra asilo,
Não encontra pão,
Tratado até
Pior que um cão.
Outro remédio
Para sua sorte
Ele não espera
Senão que a morte:
É este o fim
Mais desaventurado
Que aqui encontra
Cada emigrado!

TEDESCHI - JORNAL “LA FAVILLA” (02/09/1887).
Colaboração: Nilso Dassi – Licenciado e Bacharel em História pela Unesc.
Setembro/2012.


[1] Santos, Rosely Izabel Correa dos. A terra prometida: emigração italiana: mito e realidade – 2 ed. Itajaí: Ed. da Univali, 1999. p. 61 – 62.