Acompanhei, porém não muito de
perto devido aos compromissos, e também fiquei injuriado com o TOMBAMENTO do Recreio do Trabalhador de
Rio Fiorita.
Num rompante que tive, visitei a
Biblioteca Publica Municipal de Florianópolis, que se localiza a menos de 200
metros da minha casa, e consultei o NOVO DICIONÁRIO AURÉLIO DA LINGUA
PORTUGUESA – 2ª EDIÇÃO REVISADA E AUMENTADA – 31ª IMPRESSÃO – EDITORA
FRONTEIRA, e deu-me a impressão de que o AURÉLIO tem parte da culpa no
acontecido.
Analisei o significado de
TOMBAMENTO (TOMBAR + MENTO) e encontrei duas definições para a palavra TOMBAR,
que resumo abaixo:
1ª DEFINIÇÃO, TOMBAR(1): deitar ao chão, fazer
cair.
2ª DEFINIÇÃO, TOMBAR(2): fazer o tombo,
inventariar, por sob a guarda para conservar e proteger bens cuja conservação e
proteção seja de interesse publico.
Parece-me que quando se falou em
TOMBAMENTO, apenas foi lida a primeira definição no dicionário, uma
característica do ser humano, e por consequência o Recreio foi a pique.
Muitas pessoas indignadas, muita
gente querendo reerguer o Recreio, mas na minha visão o prédio já teve seus
dias de glória. Hoje Siderópolis tem
outras prioridades, e entre elas cito em ordem alfabética: EDUCAÇÃO, SAÚDE e SEGURANÇA.
Tudo tem seu auge, isso a história
nos conta. Fazendo uma retrospectiva, voltando aos velhos tempos do curso
ginasial, lembro que estudamos sobre o Império Romano. Esse também chegou ao apogeu,
e com todo poderio que alcançou, teve sua queda. Com o Recreio aconteceu o que
a história não cansa de nos provar, só que sua queda foi precoce, tanto que seu
irmão gêmeo de Capivari de Baixo permanece vivo, firme, forte e pujante.
Todos lamentam o TOMBAMENTO do
Recreio do Trabalhador ao mesmo tempo em que nos esquecemos de outros
patrimônios que o Rio Fiorita teve. O Escritório da CSN, o Armazém, a Padaria,
o Açougue, as Oficinas, a Estação de Trem e o saudoso Clube União Mineira.
Fazendo um paralelo entre o União
Mineira e o Recreio do Trabalhador, me sinto na obrigação de relembrar o
seguinte:
O União Mineira teve sua
derrocada, e tudo passou despercebido, sem revoltas e sem indignação da
população. Teve morte súbita, esse que foi o Clube mais eclético e democrático
que conheci. Nunca discriminou seus frequentadores. Ali se divertiam negros e
brancos, ricos e pobres.
Na contramão da história estava o
Recreio do Trabalhador. Esse agonizou durante anos e anos até sua morte. Um
clube cuja sede apresentava uma arquitetura futurista. Suas sancas de madeira
trabalhada permitindo iluminação indireta nas laterais, seu palco multi função,
onde o American Night animou muitos bailes, serviu também, entre outras
atrações, para apresentações de peças teatrais, e projeções de fitas de
cinema.
Na comparação que faço entre as
duas grandes sociedades que conheci no Rio Fiorita, lamento recordar que até os
anos 70, o Recreio foi um Clube que apesar de todo glamour, era discriminador,
costumava colocar empecilho na admissão do pessoal que não tinha pele branca,
além de exigir dos frequentadores o pré requisito de vínculo à CSN. No final
dessa mesma década, quando o fantasma da decadência estava se aproximando,
todas essas barreiras foram quebradas, mas essa abertura veio tarde.
Esse foi o Clube dos sonhos da maioria dos sideropolitanos nos tempos
áureos da Jovem Guarda.
Quem não se lembra das noites de carnaval, quando se cantava MÁSCARA
NEGRA, sem saber o que era Arlequim, Colombina e Pierrot, mesmo assim
alegremente cantava com pronuncias erradas, que vai entre parênteses e em
vermelho só para recordar:
Tanto riso, oh! quanta alegria, mais de mil
palhaços no salão,
Arlequim (alecrim) está chorando, pelo amor da
Colombina, no meio da multidão ,
Foi bom te ver outra vez, tá fazendo um ano, foi num carnaval que passou,
Eu sou aquele Pierrot (que errou), que te
abraçou, que te beijou, meu amor,
Na mesma máscara negra, que esconde o teu rosto, eu quero matar a saudade,
Vou beijar-te agora, não me leve a mal, hoje é carnaval.
E chegou o fatídico dia: em
13/03/13 o PRÉDIO do Recreio do Trabalhador foi TOMBADO(1). Mas na nossa memória o CLUBE ficará TOMBADO(2)
para sempre .
Mano