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De Siderópolis ao pico da bandeira

Pensando em VIAGEM E GASTRONOMIA resolvi curtir o BIKE LUZ 2013 a melhor opção para desfrutar de um bom PEDALAR e um excelente PALADAR.
Encarei aproximadamente 1.400 km de carro para chegar à cidade de Tombos, na Zona da Mata Mineira, na divisa com o Rio Janeiro, e de lá pedalar até Alto Caparaó no pé do Pico da Bandeira, na divisa de Minas Gerais com o Espírito Santo.
Chegando a Tombos fui atrás do kit sobrevivência para o pedal. Com o kit na mão, só faltava montar a bike, testar os freios e câmbio, e calibrar os pneus, e foi o que fiz.

Na manhã do dia 07/07/13, juntamente com um a trupe de mais de 60 ciclistas pedalamos até a cachoeira de Tombos onde ao som das águas da cachoeira tomamos o café da manhã e carimbamos a Credencial de Cicloturismo pelo Caminho da Luz. Após o café e muitas fotos, participamos da Missa, e da benção dos bicigrinos, e em seguida demos a largada para a tão sonhada pedalada pelos vales e montanhas das estradas vicinais do interior das Gerais. Nesse primeiro dia de pedal posso afirmar que o visual não constava na inscrição. Pedalamos por fazendas centenárias de gado leiteiro, abrindo e fechando porteiras, cruzando pontes, mata-burro e quebra-corpo, chegando ao distrito de Catuné no final da tarde, onde a comunidade nos aguardava com sucos diversos e bolo de fubá. Ali, nos alojamos na Escola Municipal, cada um com seu colchonete e saco de dormir, que veio no caminhão de apoio por estrada normal.

Dia 08/07/13, saímos cedo do distrito de Catuné e pedalamos até a Comunidade do Balneário da Igrejinha, onde nos aguardava um café típico da roça, regado a suco de limão com beterraba, entre outros.  O pessoal da organização já havia nos alertado que após o café teríamos “dois morrinhos”, o Lombo do Burro, e o da Jacutinga. Segundo ouvi dos colegas, “morro quando tem nome, é porque a coisa é feia”. As bikes foram empurradas por trechos íngremes, até chegar a Água Santa. Ali na Igreja de Nossa Senhora Mãe dos Homens, cada um que chegava, tinha a liberdade de bater o sino. Tentei imitar o sino da capela de Santa Barbara, no Rio Fiorita, a vila onde nasci, mas não ouvi o famoso “BLIM DELAU”, porém o sino tangia alegremente a cada bicigrino que chegava. Curtindo essas maravilhas pedalamos até o Dourada Parque Hotel, onde fizemos o lanche, e continuamos mais morro acima que morro abaixo, até chegar a Faria Lemos. Ali nos alojamos e jantamos no Centro Cultural e Ecológico.

Dia 09/07/13, após o café da manhã iniciamos o pedal em direção à Serra dos Cristais. O pedal continuou até Carangola onde na entrada da cidade, nos esperava um casal de policiais, também de bike, que fizeram o papel de batedores até a Igreja Matriz, Santuário de Santa Luzia.
Ao chegarmos à Matriz, começou a chover, então fizemos um giro pelo centro da cidade, atrás de um café quente e capa de R$ 1,99. Tocamos em frente, debaixo de uma chuva fina, e uma bruma que não permitia visibilidade de 10 metros, até chegarmos ao leito de uma antiga estrada de ferro, onde, de um lado estava o barranco, e do outro o precipício, esse, porém, com uma “proteção de arame farpado” que nos proporcionava segurança na pedalada. O pedal continuou por esse leito da antiga estrada de ferro, cheio de bostas de boi, fresquinhas do dia, que respingavam por cima do capacete. O árduo e ao mesmo tempo prazeroso pedal do dia acabou em Caiana, onde nos hospedamos na Pousada do Cristal.

Dia 10/07/13, levantamos cedo, tomamos o café da manhã e demos a largada em direção a Espera Feliz. Passamos por Pedra Menina, onde uma senhora nos aguardava em frente ao portão para abastecer com água nossas caramanholas. Em seguida, cruzamos um Pontilhão de Ferro, visual que lembrou meus velhos tempos de criança pelas ruas do Rio Fiorita em Siderópolis, lá ainda hoje tem o pontilhão da Ferrovia Tereza Cristina. O pedal continuou até Alto Caparaó e só parou em frente ao restaurante Fogão a Lenha. Ali literalmente corremos para os abraços, em seguida iniciou-se a sessão de fotos, carimbamos a credencial e recebemos os Certificados de Bikers do Caminho da Luz 2013.

Dia 11/07/13, encerrada a etapa de bike, partimos para a mais dura, mais intrigante e mais emocionante etapa da nossa peregrinação: subir caminhando o Pico da Bandeira, o pico sagrado do Brasil. A caminhada é pesada, e o trecho final deixa de ser caminhada, passa a ser escalaminhada. Porém para quem já havia contornado montanhas e montanhas, agora avistando lá no alto o Cristo de braços abertos nos aguardando para o abraço, não existiriam pedras no caminho que impedisse de chegarmos pertinho do céu do Brasil.

Resumo da ópera: deixar o conforto do lar, encarar essa quilometragem toda, pedalar com pessoas que jamais tinha visto, cruzar vales e montanhas por locais até então não conhecidos, parece coisa de louco. Mas para louco por bike, isso não passa de mais uma louca pedalada para o currículo.
A viagem dentro da natureza ajudou a recordar ritmos perdidos e recordar os velhos idos, da infância e adolescência difíceis, mas felizes pelas ruas do Fiorita e do Belluno.


Mano