A foto acima registrou a festa de 15 anos de Maria Terezinha Kaminski (no centro, com vestido branco), clicada em frente à casa do seu pai, Antonio Manoel Silvano, na Vila Residencial – Siderópolis - SC, em 1962. Identificação das meninas: Na frente: Ika, Maria Terezinha e Lindalva; na fila de trás: Sonia Domingos, Lia Bolsoni, Sonia Souza (esposa de Tadeu Silvano) e as irmãs Lucia e Marlize Feltrin. Pode-se observar, também, a sigla do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) gravada ao lado do portão, em cujo partido Antonio Manoel Silvano era filiado. Foto pertencente ao acervo da família Kaminski, danificada em Tubarão – SC, na grande enchente de 1974.
Com a finalidade de explorar as jazidas de carvão mineral existente no distrito de Nova Belluno, município de Urussanga – SC, chegou ao final de 1941 a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN). A necessidade do carvão mineral era premente para a nação, devido à Segunda Guerra Mundial. Tudo foi planejado para que o enorme complexo minerador, montado pelo governo federal, rapidamente atingisse a produção mineral desejada.
Objetivando disponibilizar residências para seus funcionários mais graduados, a empresa estatal a partir de sua chegada no distrito, inicia a construção da Vila Residencial com casas em alto padrão, conhecida por todos da região. Sua localização ficava aproximadamente 750 metros em linha reta, após o Rio Albina, partindo hoje da empresa Resicolor em direção à localidade de Rio Jordão, onde havia na parte leste uma bela lagoa repleta de peixes. Essa lagoa, com o tempo, foi se formando devido à retirada de argila para a produção de tijolos que foram utilizados na construção de casas e demais instalações da CSN, como: Escritório Central, pavilhões das oficinas, farmácia, padaria, mercado e o Recreio do Trabalhador.
Além de ser um empreendimento dotado de algumas dezenas de belas residências, disponibilizava também para seus funcionários de uma capela, escola, quadra de esportes com iluminação adequada para prática esportiva noturna, jardim de infância, parque infantil e um campo de futebol próximo à lagoa, sem contar com a gratuidade no consumo de água e energia elétrica, ensino e transporte dos filhos para as escolas da cidade e região.
As benesses oferecidas pela CSN e a preocupação dela com a formação profissional dos filhos de seus trabalhadores propiciou à geração de jovens dessa Vila a formação de cidadãos com carreiras profissionais brilhantes, com algumas figuras destacadas em nível estadual e nacional.
A demolição prematura da Vila ocorreu devido à importação da Marion, máquina que foi utilizada pela CSN na mineração a céu aberto, tornando a produção mineral mais veloz, exigindo um espaço cada vez maior para que ela operasse. A Vila fora construída sobre uma grande reserva de carvão e por este motivo foi extinta e transferida para outro local.
João Rossa, funcionário da CSN incumbido de administrar a casa de hóspedes, relaciona alguns dos residentes naquela vila: Adolfo Speck, Agenor Machado, Alcides Marcial Martins, Aldo Silveira, Álvaro Castro, Álvaro Luiz Piacentini, Antonio Bortolotto, Antonio Manoel Silvano, Antonio Pacheco, Arno Borba, Aroldo Barg (Eletricista), Eng° Carlos Fett Paiva, Célio Grijó, Charles Frederico Pitet (Topógrafo), Eng°. Claudio Balsini, Dante Bolsoni, Eng° Edson Douglas Montedo, Erico Machado da Rosa, Fernando Maciel Berendt, Florisvaldo Rovaris (Nenem Rovaris), Francisco Adolfo da Silva, Francisco Gomes Balthazar, Guido da Costa Straub (Dentista), Eng° Harro Stamm, Heleodoro Monteiro de Souza, Horácio Antunes dos Santos (Ziza Cascaes), Idalino Bez Batti, Ivo Westphal, Eng° Jacopo Teixeira Tasso, João Antonio Wolff, João Medeiros, João Nunes Pereira, João Rossa, José Artemio Vieira, José Carneiro Ribamar, José Antonio Domingos, José Medeiros (Bioquímico), José Vilaça, Dr. Leo Boeira Cassetari, Lourival de Oliveira, Luiz Felix da Silva Junior, Dr. Luiz Fernando da Fonseca Girão, Luiz Jaime Jeremias, Mauricio Grand Maison (Topógrafo), Eng° Miguel Mercante, Eng° Mozart Vieira, Nardi Francisco da Silva, Nemézio Nunes, Nicanor Evaristo de Souza, Nicolau Scafuto Neto, Odilon Monteiro (Desenhista), Orlando Giacometti, Oscar Roberge (Técnico em Raios-X), Dr. Pedro Augusto Mena Barreto, Pedro Pacheco, Eng° Pedro Rios Borges, Porfirio Feltrin, Proença Sigaud, Ramos Silveira, Rizzieri Piacentini, Romeu Coelho de Farias, Eng° Rubens Piazzaroli, Eng° Rui Faraco, Eng° Sebastião Toledo dos Santos, Valtaire Urrutia Barcelos (Telegrafista), Dr. Wilson dos Santos,Juan Carlos Garcia Coirolo(Almoxarife)
Moacir Gonçalves Padilha, morador do outro lado do Rio Albina, era o responsável pela fazenda da CSN existente nas proximidades, e em torno da Vila destacavam-se os seguintes moradores: Avelino Zuchinalli e os comerciantes Hercílio Pasetto e João Aléssio.
Enquanto a demolição do empreendimento acontecia, simultaneamente, a CSN construía casas de alvenaria no centro da cidade. A nova vila, agora, construída em local já minerado pela estatal, conhecida por Vila Siderúrgica, local muito valorizado hoje, conta ainda com dois ilustres remanescentes da Vila Residencial: Aldo Silveira e a senhora Ceny Noronha Domingos, viúva de José Domingos.
Observações:
Existe uma planta baixa da Vila Residencial, em nosso poder, desenhada no início da década de 1960, mostrando a localização de todas as casas e outras benfeitorias em prol dos moradores, quando foi programada sua demolição e que brevemente publicaremos.
Este artigo foi elaborado com a colaboração de: Alcides Marcial Martins, Iran Bolsoni, João Rossa, Maria Terezinha Kaminski, Pedro Kaminski e Silvio Piacentini.
João Lazzaris Neto e Nilso Dassi
Setembro/2009